Gramado revela as 14 startups selecionadas para o primeiro Sandbox de Turismo do Brasil.
- Paulo Renato Ardenghi
- 27 de nov.
- 4 min de leitura

Gramado avançou mais uma etapa decisiva na execução do maior programa municipal de inovação aberta aplicado ao turismo no Brasil, ao revelar as 14 startups selecionadas para a fase de testes controlados do seu Sandbox de Turismo.
A iniciativa integra a política pública Gramado Futuro Lab, que transforma a cidade em um território de experimentação tecnológica, aprendizagem contínua e desenvolvimento de novos modelos econômicos.
Esse avanço não é meramente acaso; ele representa uma mudança estrutural na forma como o município projeta seu futuro.
Cidades com matriz econômica setorial robusta — como é o caso de Gramado — correm o risco de manter foco exclusivo no status atual. Contudo, prosperidade não elimina desafios e vulnerabilidades. Pelo contrário: amplia a responsabilidade de antecipar transformações, diversificar estratégias e testar soluções que mantenham a cidade competitiva diante das mudanças que já moldam o turismo global.
Gramado escolheu agir e posicionar o município como um laboratório vivo e disponível para a inovação. Está planejando e agindo antes da crise. Esse é o papel de cidades que se mantêm líderes ao longo do tempo.
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Inovação aberta como mecanismo de transformação da matriz econômica:
O programa é sustentado pelo conceito de inovação aberta, modelo que reconhece que nenhuma instituição — especialmente governos — possui isoladamente toda a capacidade técnica, cognitiva ou operacional necessária para enfrentar desafios complexos.
A inovação aberta propõe que o setor público:
• abra desafios à sociedade,
• capte soluções externas,
• teste tecnologias emergentes em cenários reais,
• gere evidências técnicas,
• reduza incertezas,
• mitigue riscos antes da adoção em escala,
• e acelere o ciclo de inovação e de aprendizagem.
Aplicada ao turismo — que é o núcleo econômico de Gramado — a inovação aberta permite que a cidade:
• valide tecnologias que aprimorem a experiência do visitante;
• teste soluções de sustentabilidade e eficiência operacional;
• desenvolva novas cadeias produtivas de base tecnológica;
• integre dados, mobilidade, acessibilidade e economia circular;
• e fortaleça sua competitividade diante de mudanças comportamentais, ambientais e tecnológicas.
Esse é o fundamento que torna o programa não apenas inovador, mas estrategicamente necessário.

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Uma construção coletiva: quádrupla hélice como arquitetura institucional, governo como indutor da inovação.
O Sandbox de Turismo é resultado direto de uma governança baseada na quádrupla hélice — integração coordenada entre:
• Poder público, responsável pelo marco legal, regulação, acompanhamento técnico e gestão;
• Iniciativa privada, que aporta tecnologias, velocidade e capacidade de prototipação;
• Academia, oferecendo pesquisa aplicada, rigor metodológico e projeções futuras;
• Sociedade civil, que contribui com leitura territorial, padrões de uso e engajamento.
Essa estrutura multiplica capacidades, amplia repertórios e reduz assimetrias de informação, tornando o processo mais sofisticado, mais robusto e com maior continuidade ao longo do tempo.
Gramado conseguiu o que poucas cidades conseguem: alinhar todos os atores em torno de um único objetivo estratégico — projetar agora o turismo que virá.

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As 14 startups selecionadas: respostas técnicas aos desafios do setor.
As empresas selecionadas foram avaliadas com base em critérios de aderência aos desafios do território, maturidade tecnológica, capacidade de execução e potencial de impacto. Entre as soluções selecionadas, destacam-se:
• Droneportos do Brasil – Gramado Drone Experience
Mobilidade aérea urbana, entregas turísticas sustentáveis e shows de drones como alternativa a fogos tradicionais.
• WeGlad – Plataforma RAMP
Certificação avançada de acessibilidade com IA e auditoria georreferenciada.
• MoverTech
Otimização inteligente dos fluxos de mobilidade em áreas de alta circulação turística.
• SmartComposer VR
Realidade virtual aplicada ao patrimônio cultural, ampliando narrativas e interpretações.
• GPN Group
Assistente de IA conversacional para personalização e gestão da experiência do turista.
• Wastebank & Sygecom
Modelos de economia circular e gestão inteligente de resíduos.
• SpaceGov
Inteligência territorial baseada em dados geoespaciais para suporte às decisões estratégicas da prefeitura.
• Dig-In
Recomendação personalizada de rotas e experiências.
• HubInx
Interoperabilidade e integração tecnológica de todo o ecossistema turístico.
• HealthConnection
Triagem inteligente, telemedicina e integração ao e-SUS para atendimento de visitantes.
Essas soluções correspondem diretamente aos eixos estruturantes definidos no programa: turismo inteligente, sustentabilidade, mobilidade, acessibilidade, hospitalidade e gestão baseada em dados.

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Prospectiva territorial e antecipação estratégica:
Ao avançar nessa etapa, Gramado incorpora metodologias de prospectiva territorial, analisando cenários futuros, testando tecnologias emergentes e reduzindo vulnerabilidades estruturais. Em vez de adotar projetos em grande escala sem validação prévia, o município utiliza o Sandbox para:
• gerar dados reais;
• compreender desempenho operacional;
• calcular custo-benefício;
• medir impacto socioeconômico;
• avaliar riscos regulatórios;
• e construir evidências que fundamentam políticas públicas de médio e longo prazo.
Esse processo reduz erros, melhora decisões e posiciona Gramado como uma cidade capaz de aprender continuamente, característica das administrações mais avançadas do país.
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Conclusão:
A revelação das 14 startups selecionadas consolida Gramado como referência brasileira em inovação aberta aplicada ao turismo e demonstra maturidade institucional para conduzir processos complexos de experimentação urbana.
A cidade deixa claro que prosperidade não dispensa novas formas de pensar e agir — exige inovação.
E que preparar o futuro do turismo depende, sobretudo, da capacidade de testar, aprender e ajustar o presente com rigor técnico e visão estratégica.
Gramado avança, portanto, não apenas para mais uma etapa do programa, mas para um novo estágio de capacidade pública: o de usar inovação aberta como instrumento estruturante de desenvolvimento econômico e territorial.




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